sexta-feira, 16 de março de 2012

POSSESSÃO DIABÓLICA.


Possessão Diabólica

Por possessão diabólica se entende a posse de uma pessoa humana por um espírito do mal, de maneira que tal espírito assuma a personalidade do ser humano, controlando todos os seus movimentos físicos, inclusive a fala. A crença na possessão diabólica não aparece no Antigo Testamento, nem em qualquer obra literária anterior ao judaísmo. Os antecedentes da crença do poder dos demônios em serem os causadores de catástrofes, doenças e morte, não era visto como necessariamente uma possessão, mas apenas como uma manifestação do poder do mal. Neste caso, o demônio não estava na pessoa, mas somente o seu poder.

Já nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos, são mencionadas muitas possessões propriamente ditas, com direito a exorcismos, alguns, inclusive, feitos por Jesus. (Mt 8,16; Mc 1,34; Lc 11,19; At 5,16) De particular interesse são os episódios em que o comportamento da pessoa possessa e a expulsão são descritos com alguns pormenores. Pessoas são agitadas e sacudidas pelos demônios(Mc 1,23-27); o demônio de Gerasa vivia em cemitérios e era possuidor de força extraordinária e após a expulsão vai habitar numa vara de porcos que se precipita no mar (Mt 12,22; Lc 11,14). Em Mt 17, encontramos um caso explícito de epilepsia atribuída a uma possessão demoníaca de quem os discípulos não tiveram poder de expulsar. Em At 16, São Paulo expulsa um demônio de uma escrava que adivinhava o futuro.

Muitos escritores modernos explicam os relatos de possessão, nos Evangelhos, dizendo que as pessoas daquela época permaneciam com a ingênua crença dos antigos pais para os quais os males de causa desconhecida eram obras do demônio. As pessoas que eram chamadas de possessas apenas sofriam de desordem psíquica que não podiam ser reconhecidas como tais. Não podemos generalizar, supervalorizar ou menosprezar a presença do Mal no mundo. O bom senso e a prudência em tais afirmações parece que passaram ao largo. Esses escritores dizem que Jesus se acomodou à crença popular e usou a linguagem que todos estavam familiarizados para anunciar o reino de Deus. Eles não desmerecem os poderes de Jesus e a sua divindade, pois de fato as curas eram realizadas, os pecados eram perdoados. Jesus realizava tais milagres usando da linguagem parabólica e simbólica da tradição que estava enraizada naquele povo há muito tempo.

Quando Jesus efetuava a cura, a pessoa toda era renovada. Não era uma cura somente corporal, mas espiritual. Jesus sempre pedia aos curados, mudança de vida e de atitudes: era uma cura do coração.

Parece que Jesus compartilhava da fé de seus contemporâneos naquilo que se refere à existência e à atividade dos espíritos maus. Os relatos evangélicos de exorcismos, incluem com freqüência, algo mais do que uma enfermidade. É o que se acha implícito nos sinais não naturais de violência: “Quando Jesus descia do barco, veio até Ele um homem possuído por um espírito impuro que habitava no meio das tumbas e ninguém podia dominá-lo. Muitas vezes era acorrentado e algemado, mas sua força era tanta que arrebentava com as algemas e grilhões”; (Mc 5, 4-5) e no conhecimento religioso manifesto pelos expulsos: “Que queres de nós, Jesus de Nazaré. Sei quem tu és, és o Santo dos Santos, o Santo de Deus” (Mc 1, 24). O importante é que em todas as ocasiões, Jesus vence o poder do mal; a manifestação do poder do demônio seja nas doenças ou nas deficiências torna-se secundária quando nos atemos ao poder de Jesus frente ao mal. Não importa como o demônio se manifeste, Jesus sempre o vencerá. “Ao entardecer, trouxeram-lhe muitos endemoninhados e ele, com uma palavra expulsou os espíritos e curou todos os que estavam enfermos a fim de se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaias: ‘levou-nos nossas enfermidades e carregou nossas doenças’” (Mt 8,16-17).

Jesus nos faz conhecer que não basta somente o exorcismo. É preciso substituir o poder demoníaco pelo poder do bem e por uma iluminação interior do indivíduo. O exorcismo é o primeiro passo no processo de cura. O espírito impuro é exorcizado para que seja substituído pelo Espírito Santo.

Diácono Luiz Gonzaga

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