segunda-feira, 26 de março de 2012

O AMOR É MAIS FORTE QUE O PECADO: POR PE. AGOSTINHO CRUZ


Fonte: Voz de Nazaré.

O amor é mais forte que o pecado.

Padre Agostinho Cruz
afs.cruz@hotmail.com

Bacharelado em Teologia pela Faculdade Dehoniana (SP)
Pároco de São João Batista e Nossa Senhora das Graças (Icoaraci)

Costuma-se dizer que o tempo da Quaresma é um tempo favorável, essa inspiração vem do Apóstolo Paulo: "No tempo favorável, eu te ouvi. E no dia da salvação vim em teu auxílio. Eis agora o tempo favorável por excelência. Eis o dia da salvação" (2 Cor 6,2). É bem verdade, que não exista nenhum tempo que não seja e nem esteja repleto dos favores divinos e a graça de Deus sempre nos conduzirá em qualquer momento, principalmente no tempo presente, para o encontro com a sua misericórdia. Contudo e, sobretudo, os nossos corações devem mover-se com maior fervor para a perfeição espiritual cheios da mais viva confiança, para que renovados e "com o corpo e alma purificados, celebremos o mistério que está acima de todos, o da Paixão do Senhor" (São Leão Magno, IV Sermão sobre a Quaresma).

Exige-se para quem quer viver a força transformadora da Páscoa em sua vida, fazer a ruptura com o pecado e todas as suas consequências. O ponto decisivo nesta ruptura será feito pelo amor. O amor que dá a vida pelos amigos, e também amor aos inimigos, pois, "esse mar de misericórdia não pode penetrar em nosso coração enquanto não tivermos perdoado aos que nos ofenderam. O amor, como o Corpo de Cristo, é indivisível: não podemos amar o Deus que não vemos, se não amamos o irmão, a irmã, que vemos" (cf. 1 Jo 4,20). Se houver recusa neste amar o próximo, é porque ainda há muita dureza no coração, muito fechamento para a graça divina, tornando-o impermeável a misericórdia de Deus Pai. É na confissão dos pecados que a graça de Deus age. Vale guardar as palavras de São Cipriano: "Com efeito, tudo pertence a Deus: a quem possui Deus, nada lhe falta, se ele próprio não falta a Deus" (Catecismo da Igreja Católica, nº 2830). Como percebemos, há uma permuta entre Deus e o homem, que deve ser da correspondência, pois Deus não falta ao homem em suas necessidades, como da mesma maneira o homem não pode faltar a Deus no reconhecimento de sua grandeza e majestade, e acima de tudo em sua misericórdia que é eterna e infinita. Trata-se de um esforço continuo, de uma labuta diária para fazer a vontade de Deus em todas as circunstâncias. Com isso, vemos que a nossa salvação é laboriosa, mas convém que tenhamos a alegre confiança e certeza de que devemos orar e trabalhar a fim de alcançarmos a meta de nossa feliz consumação, como ensina-nos o grande Santo Inácio de Loyola: "Rezai como se tudo dependesse de Deus e trabalhai como se tudo dependesse de vós" (Catecismo da Igreja Católica, nº 2834). Deus age é verdade, mas somos nós os cooperadores de sua graça; pois, se não abrirmos o coração, a graça de Deus ficará inacessível.

Como a chave do perdão é o amor, pois este não busca interesses que são seus, pelo contrário, doa-se sem medida e sem reservas, devemos manter a vigilância do coração; ou seja, em guardar o coração, preservando-o de toda maldade, principalmente da falta de abertura para com o próximo, para aqueles que tanto necessitam de nosso perdão. E para uma vida de redimidos pela graça de Deus, temos que ter em mente que o perdão ao próximo é fundamental para termos "as mãos limpas e um coração puro" para aproximar-nos do altar de Deus: "Deus não aceita o sacrifício dos que fomentam a desunião; Ele ordena que se afastem do altar para primeiro se reconciliarem com seus irmãos: Deus quer ser pacificado com orações de paz. Para Deus, a mais bela obrigação é nossa paz, nossa concórdia, a unidade no Pai, no Filho e no Espírito Santo de todo o povo fiel" (São Cipriano, Dom. orat. 23: PL 4, 435c- 536A).

É salutar e confortadora essas poucas, mais profundas palavras de Santo Ambrósio: "Quem se entrega a Deus não teme o demônio" (Catecismo da Igreja Católica, nº 2852), bem como a do salmista: "Espera no Senhor e sê corajoso! Fortifique-se teu coração; espera no Senhor!" (Sl 26,14). Deste modo, convido-o (a) a fazer a experiência da reconciliação com os irmãos e viver a vida divina na Páscoa semanal, a Eucaristia, fonte mais genuína de nossa verdadeira reconciliação, pois, é por este ato sublime que o Pai continua manifestando a sua misericórdia, reconciliando o mundo consigo através de seu Filho Unigênito, o Cristo nosso Salvador, que vertendo sangue de seu lado aberto na cruz, introduziu a todos na vida celestial.

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