quinta-feira, 22 de março de 2012

O ACONTECIMENTO CRISTIANISMO.


O ACONTECIMENTO CRISTIANISMO.

O cristianismo tem sua origem num “acontecimento”. É um fato que se deu, provavelmente, na noite entre os dias 8 e 9 de abril do ano 30, e tornado público a partir do amanhecer do “terceiro dia”, depois da sexta-feira que viu a morte de Jesus, e depois do grande sábado pascal, quando, de toda a existência do profeta da Galiléia, ficara somente um sepulcro fechado e mudo.

Um acontecimento surpreendente e absolutamente inesperado: os discípulos de Cristo custaram bastante para aceitá-lo. Os dois dias anteriores tinham destruído radicalmente as novas luzes de verdade e de esperança suscitadas nas mentes e nos corações pelo Nazareno.

É verdade que eles não esqueceram o extraordinário ensinamento ouvido, os gestos e as obras maravilhosas que puderam ver e a personalidade inimitável daquele grande Mestre. Mas eram apenas lembranças.

Somente quando aquele grupo de homens desiludidos e arrasados se entrega à evidência e acolhe o “acontecimento surpreendente e inesperado”, começa a aventura cristã.
Começa com o anúncio de um acontecimento “incrível”; Jesus de Nazaré, o crucificado morto sangrado no Gólgota, ressuscitou!!!

Esta é a notícia que, a partir do terceiro dia, os apóstolos irão proclamar “até os confins do mundo” (Rom 10,18): Jesus de Nazaré, um homem morto na cruz diante de todos, fora dos muros de Jerusalém, ressuscitou.

- Lucas 24,34: “o Senhor verdadeiramente ressuscitou e apareceu a Simão”.
-1 Cor.15,4-8: “Cristo morreu... foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia... e apareceu a Cefas... aos Doze... a mais de quinhentos irmãos... a Tiago... e a mim”.
A notícia que constitui o núcleo primordial do cristianismo está relacionada a um “acontecimento” e não a uma doutrina. Por isso, não pode ser aceita ou suspeita e com reservas.

Não tolera alterações nem adaptações, ao gosto dos indivíduos, ou das tendências da cultura dominante. Ou a aceitamos, ou a recusamos. Não há espaço para posições intermediárias.

Sendo que se refere à passagem de uma “condição de morte”, para uma “condição de vida”, a “notícia” é absolutamente simples e compreensível a todos. Todo homem até o mais ignorante, conhece, por experiência direta, o que é a “morte” e o que é a “vida”.

Justamente com este “conteúdo elementar”, a “notícia pascal” é no começo, comunicada e divulgada como absolutamente inaudita.

Para entrar em sintonia com o “anúncio cristão” e tomar uma decisão a seu respeito, não são necessários títulos de estudo, nem justificados caminhos acadêmicos. Ao contrário, acolhendo uma palavra do Senhor, poderá acontecer (e já acontece) que sejam os sábios e os inteligentes a complicar as coisas, negando até a veracidade da ressurreição de Jesus, enquanto que, para os “pequenos” e humildes as dificuldades aqui claramente não subsistem (Mt.11,25).

“Ressuscitou dos mortos”, quer afirmar claramente a verdade da morte de Cristo, eliminando todas as possíveis suposições de morte aparente ou de interpretação mística da ressurreição (Mt.28,7; Jo.2,22; Rom.6,4).

Jesus passou pela mesma sorte que põe fim à existência terrena de todo homem. Por isso, a sua nova vida vem depois de uma real vitória da morte sobre Ele, e, por isso, a Sua ressurreição é uma desforra sobre a grande inimiga (1 Cor.15,26).

O sinal exterior desta desforra é o sepulcro vazio, com o qual o crucificado do Gólgota, que voltou novamente a viver, não tem mais relação alguma.
- “ressuscitou, não está aqui” (Mc.16,6).
- “não está aqui, mas ressuscitou” (Lc.29,6).

Se Jesus Cristo “foi feito para fazer-se levantar dentre os mortos” (Rom.10,7), então quer dizer que Ele está vivo: verdadeiramente, realmente, fisicamente vivo.
“Verdadeiramente, Jesus foi crucificado e morreu... verdadeiramente ressuscitou dos mortos”, insistirá Santo Inácio de Antioquia nos primeiros anos do segundo século.

Mateus cita até o testemunho dos sumos sacerdotes e dos fariseus, que no dia de sábado, foram a Pilatos e disseram:
“Senhor, lembramo-nos de que aquele impostor disse, quando ainda estava vivo: ‘Depois de três dias ressuscitarei’”(Mt.27,63). Portanto, Cristo ressuscitou como havia dito (Mt.28,6).

“Ressuscitou como havia dito”: esta expressão nos diz que Simão Pedro, Tiago, os Doze, Maria Madalena, nos dias de sexta-feira e sábado pareciam ter perdido toda confiança e esperança, mas, não perderam a memória: tornaram-se anunciadores da fé pascal exatamente os mesmos que, por tanto tempo, viveram perto dele e com ele compartilharam quotidianamente a existência e o cansaço.

Diácono Luiz Gonzaga
Arquidiocese de Belém-Pará-Amazônia-Brasil.

diaconoluizgonzaga@gmail.com
diaconoluizgonzaga.blogspot.com

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