terça-feira, 20 de março de 2012

"DE PAULO A CORINTO VIA BRASIL".


“DE PAULO A CORINTO VIA BRASIL”

Quero convidar você para junto comigo através deste texto identificar algumas semelhanças entre Corinto e o Brasil, através da carta do apóstolo São Paulo.

Uma primeira semelhança é aquela denunciada por Paulo em 2Cor.11,4 que diz: “Pois, se alguém lhes vem pregando um outro Jesus... um outro evangelho... vocês o toleram com facilidade”.

Fico impressionado com a capacidade de aceitação de “novas mensagens” que algumas “igrejas” no Brasil têm demonstrado.

O evangelho pregado por boa parte dos cristãos brasileiros não é em nada semelhante ao evangelho do Cristo.

Todo tipo de modismo, de ideologias de consumo, de técnicas de manipulação psicológica são incorporadas à mensagem cristã.

E geralmente, quem usa este experiente se encontra em franco crescimento, tornando-se modelo até mesmo para a nossa Igreja ( que é lamentável).

Outra semelhança está diretamente ligada à primeira. Esses movimentos pseudocrístãos geram uma forma tecnológica de “super-apóstolos”.

Nós os encontramos em todos os lugares, ocupando todos os espaços. Da televisão aos jornais, das Câmaras de Vereadores ao Senado Federal da República, das grandes catedrais aos esquemas de corrupção e roubalheira de nosso país.

Tais como nos dias de Paulo, só que muito mais vorazes. Esses super-aproveitadores do evangelho invertem a lógica da mensagem cristã em lugar do: “Eu vim para servir” proclamado pelo Cristo, eles colocam um: “Eu vim para ser servido e muito bem servido”.

A lógica desses super-empresários da fé não é a partilha, mas o acúmulo, não são as pessoas e, sim, os números.
O cliente sempre tem a razão, desde que tenha dinheiro para pagar.

Uma última grande semelhança é a total negação da humanidade. Paulo irá à contramão daquele movimento espiritualista da cidade de Corinto, onde só há espaço para o “miraculoso”, para o “tremendo” e se gloriará em sua fraqueza.

Hoje essa tendência é revivida nos bordões do tipo “PARE DE SOFRER”, “DETERMINE SUA VITÓRIA”, “EXIJA SUA BENÇÃO”, “TOME POSSE DE SUA PROSPERIDADE MATERIAL”.

Nesse ambiente qualquer sofrimento, fraqueza, desemprego, enfermidade, necessidade, são sinônimos de pecado, ou de uma fé não materializada.

Nesse ambiente, nós somos chamados a ver a exortação paulina, a julgar a validade dela para o nosso tempo e a agir concretamente, numa versão contemporânea da Escritura Sagrada, afim de que as palavras destinadas aos cristãos de Corinto não nos atinjam também como alvo:

“Vocês, por serem tão sábios suportam de boa vontade os insensatos! De fato, vocês suportam até quem os escraviza ou os explora, ou quem se exalta ou lhes fere a face. Para minha vergonha, admito que fomos fracos demais para isso” (2Cor.11,19-21).

O evangelho não é somente manifestação de poder sobrenatural, de carismas, de “bênçãos espirituais”. O evangelho é igualmente compromisso com os outros, sobretudo com os pobres: é vivência ética e moral de acordo com os valores do reino: é responsabilidade com os que sofrem desesperadamente.

Em suma, é basicamente aquilo que é desprezado pelos “super-apóstolos”. É a falta de compromisso, responsabilidade, caridade e misericórdia deles com a totalidade do evangelho.

Diácono Luiz Gonzaga
Arquidiocese de Belém- Pará – Amazônia – Brasil.

diaconoluizgonzaga@gmail.com
diaconoluizgonzaga.blogspot.com

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