sábado, 19 de novembro de 2011

SUICÍDO: POR QUÊ?


SUICÍDIO: POR QUÊ?



* Diácono José Antonio Jorge – Arquidiocese de Campinas/SP.



A freqüência com que nos deparamos com a prática do suicídio - um ato

insano de se tirar a própria vida – deve levar os pais, educadores, teólogos e

ministros religiosos a uma profunda reflexão.



Quais as causas que levam uma pessoa a se desfazer, de uma forma violenta, do bem mais precioso que temos- a vida?



Vivemos num mundo vítimas da depressão, doença que acomete

hoje 10% da população americana . Em países como Japão, Suécia e Noruega,

há mais suicídio do que homicídio.



Por que tanta gente se mata? Não temos estatísticas exatas sobre suicídios,

pois 50% deles são rotulados como acidentes. Nos Estados Unidos, setenta e

cinco por cento das pessoas que tentam o suicídio e não morrem são jovens.



Quais os fatores? Carência afetiva, rejeição, baixa auto-estima, falta de sentido

da vida? Ausência de Deus no cotidiano das pessoas? Idolatria do ter e

menosprezo do ser?



O ser humano, nesta busca louca do “ter” e de “competir”, é vítima da

paranóia e depressão cada vez mais precoces. O excesso de responsabilidade

e a carga horária pesada colocada sobre os jovens tem sido a grande causa da

depressão. A criança não tem tempo de desfrutar poder ser criança.



Entre os distúrbios afetivos um acontecimento perigoso que facilita o

suicídio é o isolamento. No caso da cantora inglesa, que demonstrava instabilidade

emocional é incrível pensar que a mãe esteve com ela dois dias antes,

notou nela algo estranho, desconcertante, doentio e não procurou, aparentemente,

ampará-la com a companhia, a presença, o afeto, o calor humano.



Também o moço que produziu um massacre na Noruega fazia cinco anos que

não tinha contato com o pai. Vejam os frutos da desestruturação da família!

Num momento de angústia e depressão a falta de um ombro amigo e

um coração generoso pode desestabilizar a

pessoa que sofre e levá-la a atos contrários

à própria natureza humana. Nestas circunstâncias

a pessoa busca na morte um sentido

para a vida!



O filósofo Norbert Elias diz que a morte

é um problema dos vivos. Mortos não têm

problemas! Há, porém, um outro tipo de

suicídio que costuma acontecer primeiro

quando uma pessoa perde a fé: trata-se do

suicídio espiritual.



São Francisco de Sales

andou entre os suíços e os habitantes da

Savóia tratando de prevenir que cometessem um suicídio espiritual por causa

dos escândalos que grassavam entre aqueles povos.

Se de duas coisas não podemos escapar – a morte e os impostos – vamos

aprender a valorizar a vida!



Encarar a morte não como uma fatalidade,

ou um fim em si mesma, mas como um destino para uma realidade muito

maior. Mas, antes de chegar este momento, vamos curtir e ajudar os outros

a saborear tudo o que o dom mais precioso nos pode oferecer: a vida.



Parafraseando Francisco Xavier: “a vida deve ser construída nos sonhos, mas

concretizada no amor”!



* Mestre em Teologia e autor do Dicionário Informativo Bíblico, Teológico e

Litúrgico e do livro “Escuta Cristã” da Editoras Vozes.



joseajorge@hotmail.com

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