quarta-feira, 23 de novembro de 2011

PADRES CASADOS: REALIDADE OU UTOPIA?


Padres casados: realidade ou utopia?

Novembro 8, 2011 por cremp

Curitiba, 7 de novembro de 2011

Caríssimo Padre José Édson da Silva (diretor da Associação dos padres casados no Brasil)

Venho, por meio dessa, refletir sobre o trabalho que vem sendo feito, não só no Brasil, mas em muitos países, por sacerdotes que se casaram. Indo direto ao assunto, percebi que todos os modos bíblicos, salutares espiritualmente, educados , éticos e cristãos, já foram tomados sem surtir nenhum efeito sobre o pensar da Igreja Romana sobre o celibato presbiterial. Querendo ou não, não pertencemos mais ao grupo específico, seleto para alguns, e insistimos em usar a mesma lógica. Existe, portanto, muito papo e pouca ação (não quero dizer aqui que não fazemos nada pela e para a Igreja que amamos, mas que aquilo que fazemos está longe de abalar as estruturas eclesiais existentes). A Igreja Romana continuará insistindo que “muitos são os chamados e poucos os escolhidos” e jamais abrirá brecha que sequer insinue o matrimônio entre seus representantes. E eu me pergunto se Deus é tão “burro” de chamar apenas mil para uma missão que exige cinco mil. Acontece que ele chama e o vocacionado responde sim ao exercício ministerial, e vem a Igreja e impõe: então não vai casar! Ai é claro que muitos não perseveram no chamado. E se a Igreja colocasse o celibato como opcional, as coisas mudariam de figura. Mas… Não nos iludamos. Para eles, Deus se revela, como sabemos apesar de não concordarmos, também na Tradição (compreendida como algo estático, que não se muda. O ou seja, sempre foi assim e assim sempre será. Pois nas Sagradas Escrituras encontramos argumentos pró e contra de modo que somente ela não fundamenta a necessidade ou obrigatoriedade do celibato para o sacerdote) . Sabemos da necessidade de sacerdotes. O povo também sabe e é o primeiro que deveria se rebelar contra os insuficientes serviços prestados pela Igreja. A Igreja não forma um número suficiente de padres e acaba por terceirizar tal trabalho as Ordens e Congregações religiosas e, bem sabemos, o terceirizado não tem o mesmo compromisso que o Pe diocesano tem com sua comunidade. Com todo o respeito aos religiosos. Pois se a paróquia tiver precisando do padre, mas seu superior provincial precisar também, vence o provincial e não o querer da comunidade. Considerando tais premissas, é necessária uma tomada de posição, por parte das associações de padres casados e demais órgãos afins de todo o mundo, que abale as estruturas eclesiais, rompendo com a Tradição da Igreja, ou melhor, com a idéia que se formou da Tradição da Igreja, sem necessariamente romper com a unidade. Lembrando que o conceito de unidade vai muito além de pertença a um dado ou específico grupo. Com as Igrejas não católicas, por exemplo, temos uma relação de unidade apesar de pensarmos diferente sobre a mensagem deixada por Jesus. Como? Retomando nossos afazeres sacerdotais. Celebrando missas e dando ao povo o que ele merece: um serviço ministerial de qualidade e quantidade suficiente. Nós sabemos muito bem como conduzir o Povo de Deus. Fomos formados para isso. E muitos são aqueles que não se sentirão constrangidos em freqüentar nossas missas, pois nada será diferente. Inicialmente seremos objeto de críticas por parte de católicos e não católicos, mas seremos também exemplos santos do exercício ministerial. Pois o matrimônio, só agrega e a nada restringe. Precisamos dessa coragem. Sozinho será difícil, mas juntos muito podemos. Caso contrário continuaremos sendo como o sino que toca sem tocar a ninguém.

Atenciosamente

Pe Paulo Sérgio de Faria (casado – no civil) Mestre e Licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia, Especialista em Mariologia, Comunicação Social e Informática na Educação.

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