sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O CORPO, SACRAMENTO DA PESSOA.


O Corpo, sacramento da pessoa

O sexo é inerente ao corpo, porém, este não pode ser entendido como um aspecto exterior da pessoa à maneira do platonismo que o trata como um peso, nem na perspectiva materialista que o trata como o tudo da pessoa. Temos de falar do corpo na unidade complexa que constitui uma pessoa humana. Desde sempre o mistério do ser humano está no facto de ele ser como que uma criatura intermédia: como os animais vive num corpo, como os anjos louva a Deus. [6] Com frequência pensou-se nesta complexidade numa perspectiva dualista, mas alma e corpo não são duas partes do homem, são o mesmo ser, a mesma unidade complexa. Como diz Geiger, referindo-se a São Tomás, “o homem não é apenas uma alma espiritual, nem apenas o seu corpo. Ele é um ser composto de um corpo, como princípio material, e de uma alma, como princípio formal. A união destes dois princípios é imediata, pois assegura a existência de uma substância una e única, não apenas a união e a colaboração de dois seres.” [7]

O actual Papa introduz uma maneira de olhar para o corpo que mostra a sua importância e faz ver como qualquer dos dualismos, o espiritualista e o materialista, são contrários à verdade do homem. Explica que “o homem é um sujeito não só pela sua autoconsciência e autodeterminação, mas também na base do próprio corpo. A estrutura deste corpo é tal que lhe permite ser autor de uma actividade explicitamente humana. Nesta actividade o corpo exprime a pessoa.” [8]

Em síntese, se o homem é imagem e semelhança de Deus, se o homem é uma unidade composta, não é este ou aquele aspecto do homem, mas a unidade total que tem um sentido teológico, que espelha a Beleza e a Verdade de Deus. É possível e necessário, nesta perspectiva, falarmos de teologia do corpo, porque o Corpo é, na expressão do Papa, sacramento da Pessoa, ou seja, tudo no homem, na unidade que o constitui é chamado a tornar visível o Mistério invisível de Deus. [9] Qualquer falar sobre o sexo que não tivesse isto em conta teria dificuldade em perceber o seu significado.

Podemos aqui introduzir uma primeira referência à virtude da castidade, pois o que com ela se pretende é, exactamente, afirmar que tudo o que se refere ao sexo, assim como tudo o que se refere a qualquer aspecto do homem, só tem sentido quando tem em conta a dignidade e a totalidade da pessoa. [10]

Postado por Blog do Diácono Tio Beto às 10:57
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