segunda-feira, 30 de maio de 2011

"O Pai Misericordioso".


“O Pai misericordioso”

Veja quanta lição nós podemos tirar para a nossa vida através do texto de Lucas 15,11-24.

“O pai tinha dois filhos”: Podemos considerar que o mais novo chega a ser pedante. Ele chega de maneira forte, autoritária, duro diante de seu pai.
“Pai, dá-me a parte da herança”: Herança só se recebe quando alguém morre e deixa a herança para outro ou outros. O filho mais novo, portanto, mata o pai, ignora o pai, faz como se ele já estivesse morto. Ele exige de forma autoritária: “dá-me a parte da herança”. É claro que não é uma regra, mas, porque os filhos caçulas são na maioria das vezes mais pedantes, arrogante e autoritários em relação aos mais velhos? Você conhece alguém assim?
Reflexão: O que você tem exigido de seus pais? Como você pede a seus pais as coisas que está precisando? Você é uma pessoa autoritária, arrogante quando pede as coisas a alguém? Você é daqueles que diz: “Eu quero, me dê, de o seu jeito, se vira não quero nem saber!
Diante do autoritarismo e exigência do filho caçula, diz o texto que “o pai divide entre eles a herança”.
Agora observem que o pai não diz nada, não fala nada, não questiona, não murmura, não aconselha. Ele não diz: “Cuidado é muito dinheiro, olha o que você está fazendo, deixa a metade, leva somente uma parte, guarda a outra...” O pai fica calado e dá ao filho a sua parte da herança sem dizer uma só palavra ao caçula.
Após pegar a sua parte da herança, ele deixa a casa do pai e sai pelo mundo a “esbanjar tudo numa vida desenfreada”. Não se despede do pai, não diz obrigado, apenas pega as suas coisas e deixa a casa paterna.
Jovem, bonito, rico e “livre”. Esbanja gasta tudo numa vida de prostituição, bebedeira, jogos, sexo livre e “amigos” aproveitadores. Vale ressaltar o que diz São Paulo em 1 Cor. 15,33 “As más companhias corrompem os bons costumes”.
Quantas vezes estamos diante de situações assim nos sentindo “livres”. Uma falsa liberdade como se essa “liberdade” fosse capaz de ajudar a solucionar os nossos problemas. Diz o Papa Bento XI “A liberdade só tem validade com a busca da verdade”. Quantas vezes não nos colocam uma forma ilusória de “liberdade”, principalmente os meios de comunicação.
“Liberdade” para o aborto, prostituição, drogas, álcool, homossexualismo, sexo livres, “liberdade” para abandonarmos, deixarmos nossa família, nosso lar, nossos pais, deixar nossa casa. “Liberdade” para renunciar a si mesmo e entrarmos no ilusório mundo dos vícios, das modas dos estilos “zumbis”. A tal “liberdade” é um incentivo a uma sociedade, materialista, egocêntrica e individualista.
Movido pelo impulso da ilusória “liberdade”, aquele jovem não estava preparado para aquele momento, para aquela situação. Ele não estava “maturado” para ter aquela vida de riqueza precoce. O que aconteceu então? “Gastou tudo numa vida desenfreada”.
Depois de ter gasto tudo, “começou a passas necessidade”, ou seja, teve fome. A fome é um dos impulsos mais veementes no ser humano. A fome leva o homem a matar, roubar, estuprar para saciar a dor da fome.
Reflexão: Que tipo de liberdade você tem buscado? Você tem buscado a sua “liberdade” no: álcool, nas drogas, no sexo livre, na prostituição, no adultério, na moda “zumbi”? Você se deixa levar pela tal “liberdade” mostrada nos meios de comunicação? Vejamos o que São Paulo escreve aos Gálatas 5,3. “Liberdade não é pretexto para a carne”.
“Começou a passar fome” : Onde estão os amigos de farra, de baladas? Quando estava com dinheiro, tudo era bonito, maravilhoso, belo. Todos eram “amigos” e agora? Agora, os “amigos” sumiram e ele está sozinho.
Alguns pais podem até se perguntar: “O que nós fizemos para esse menino (a) ser assim, pedante, autoritário, arrogante, exigente. Das duas uma, ou faltou disciplina por parte dos pais ou foi apesar de uma boa e correta educação, escolha do filho por uma vida “torta” (más companhias mais forte que a presença dos pais e dos conselhos por uma vida sob a orientação da palavra de Deus).
Pais, se vocês têm as suas consciências tranqüilas no que diz respeito à criação e educação dos filhos, não se culpem por escolhas erradas por parte deles. Agora, se vocês foram pais ausentes, negligentes, irresponsáveis no que diz respeito à criação, educação de seus filhos transferindo a responsabilidade da criação dos mesmos para outrem é hora de fazer uma avaliação de suas vidas e observar onde erraram para melhorar. São Paulo escreve: Col. 3,21 “Pais, não irrites os vossos filhos para que eles não desanimem”. Em Efésios 4,22 o apóstolo diz: “Remova o vosso modo de vida anterior”.

“Após esbanjar tudo, começou a passar fome e vai pedir emprego”: Observem o que faz uma atitude impensada, sem preparo, sem maturação. O jovem nunca havia trabalhado, ele era rico, cheio de empregados, ele só dava ordens em casa, possuía tudo, além do amor do seu pai. Agora está em uma situação difícil. Possuía tudo e agora não tem nada.
O jovem encontra emprego, seu primeiro emprego, “foi cuidar de porcos”. Ele nunca havia trabalhado e foi logo cuidar dos porcos. É o fundo do poço para aquele rapaz.
Quantos pais não se sacrificam, renuncia a própria vida para oferecer tudo ao filho, um bom colégio, bom estudo, boa educação para que o filho possa ter um futuro promissor, um bom emprego, uma ótima vida profissional, mas, como o jovem do texto, não sabe valorizar aquilo que seus pais lhe proporcionam. “Matam” aula, ao invés de ir para o colégio, saem para beber com os “amigos” ao invés de estarem na sala de aula entre outras coisas mais. Não valorizam o que tem. O jovem do texto tinha tudo em sua casa ao lado de sua família, não valorizou e foi para o seu primeiro emprego: “cuidar dos porcos”.
Reflexão: Quais são os seus projetos? O que você quer construir na vida? Quais são seus sonhos? Suas expectativas? O que você tem idealizado para a sua vida? Aonde você quer chegar?
Aquele jovem por ter agido pelo impulso, por buscar uma “liberdade” ilusória, por estar ao lado de más companhias, chegou à lama, ao lado dos porcos. Ele que tinha tudo, possuía um futuro promissor, agora está na lama com os porcos.
Reflexão: O que você quer para o seu futuro?
O texto diz que a “fome aumenta”: Ele queria “matar” a fome com a comida dos porcos, mas, nem isso podia fazer. Atentem bem o que diz o texto, nem a “babuja” dos porcos ele podia comer. A sujeira, o resto dos porcos, não podia ser tocada pelo jovem, pois estava proibido de comer até a sujeira dos porcos.
“Bate o arrependimento”: Os empregados de meu pai passam tão bem e eu aqui. “Aonde eu vim parar?” Imagine o que se passava na cabeça daquele jovem. Meus irmãos, quantas vezes não falamos ou já ouvimos: “Não gosto desta comida, é ruim, não como isso”. Quantas vezes não trocamos um bom prato de comida feito com amor e muito carinho pela mãe, pela esposa e trocamos por um danoninho por não gostarmos daquela comida feita com muito amor e carinho. Não valorizamos aquilo que temos, não damos valor ao sacrifício de nossos pais para que nada nos falte em casa e nós esnobamos. -“ Joga esta comida no lixo”. “Não gosto, não quero, é ruim, não como isso ou aquilo”.
“Os empregados de meu pai passam tão bem e eu aqui”. Momento para nos questionar. Questionar sobre a nossa vida, nossa família, nossa comunidade, nosso relacionamento com o próximo, nosso relacionamento com nossos pais, nossos filhos, nosso relacionamento com Deus. Até onde eu posso ir?
“Levantou-se”: Lembra-nos Lázaro: “Levanta-te e vem para fora”. Quer dizer, “nascer de novo”. Aquele jovem nasceu de novo para a vida através do arrependimento. Levantar significa ficar ereto, reto, de pé para caminhar, vislumbrar caminho novo, vida nova, sair de uma vida estagnada, parada, para caminhar atrás de sonhos e objetivos.
Depois do arrependimento o jovem parte para a ação. -Vou voltar para meu pai e dizer-lhe: “Pai pequei contra Deus e contra ti, já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como um dos teus empregados”.
Ele se reconhece indigno, pecador a ponto de nem querer ser chamado de “filho” por seu pai, quer ser tratado como um “empregado”.
Observem que, o pensamento e a visão, antecedem a ação. Ele pensa, vislumbra e parte para a ação. O jovem pensando no que fez pelo caminho, arrependido, quer uma nova direção para a sua vida, ele quer mudar de procedimento, quer outra história para a sua existência. Ele está com o desejo ardente, queimando no seu coração para, desculpar-se, se penitenciar junto ao pai. Ele está arrependido daquilo que cometeu.
Reflexão: Quanto tempo você não confessa? Quanto tempo não pede perdão a Deus pelos seus pecados? Quanto tempo faz que você não se arrepende de forma verdadeira e concreta? Quanto tempo você não pede desculpa a alguém?
“O pai viu ainda longe”: Quem ama verdadeiramente, enxerga longe a pessoa amada. O pai ficou esperando pela volta do filho. Quantas vezes não observamos os namorados esperando um pelo outro em uma praça e ao vislumbrar longe a pessoa amada não correm em direção do outro para abraçá-lo e dizer que ama.
“O pai sentiu compaixão”: Compaixão é colocar-se no lugar do outro, é sentir a dor outro.O pai lança-se no pescoço do filho, cobre o mesmo de beijos e abraços. O pai não ridiculariza o filho, ele não diz nada. O pai apenas abraça e beija o filho que volta para casa. Muitos pais talvez viessem a dizer: “Voltou é, veio pedir arrego, “pinico”, bateu a fome, deu saudades da comidinha da mamãe?” O pai não briga, não passa carão, sermão, não fala nada, ele apenas cobre o filho de beijos, abraços e acolhe o filho. O pai quer sentir o filho nos seus braços, como um recém nascido que acaba de vir ao mundo, acaba de nascer.
O filho então se ajoelha e começa a dizer ao pai: “Pai, pequei contra Deus e contra ti, já não mereço ser chamado teu filho”.
Vejam que, o pai não espera que o filho termine a frase, “trata-me como um dos teus empregados”, o pai não quer saber mais nada, não quer ouvir mais nada, ele não quer ver seu filho ridicularizado, humilhado na frente dos outros, dos empregados do pai.
O pai só é alegria, ele diz aos servos: “tragam roupas novas, o anel, as sandálias. Matem o novilho gordo”.
As roupas novas significam criatura nova, revestido de novo, transformado. O anel significa a aliança com Deus, com nosso Pai, lembra também o nosso batismo. As sandálias, o caminho novo, vida nova, rumo novo. Já o novilho gordo era para a festa de casamento do filho mais velho. Ocorre que, o pai quebra a tradição. Ele não quer saber disso, o importante é fazer festa por um filho que voltava arrependido para a casa do pai. Encontramos assim, um pai compassivo, paciente, misericordioso.
Agora, essa misericórdia do pai, passa por uma justiça da parte dele para com o seu filho. Em João 8,1-11 no versículo 10, Jesus diz a mulher adúltera: “Mulher onde estão? Ninguém te condenou?” Ela respondeu: “Ninguém Senhor”. Disse-lhe Jesus: “Eu também não, mas, vai e não peques mais”.
Temos aqui o sentido da justiça de Deus Pai: “Mas”, exprime, expressa, mostra uma restrição em relação a uma ação, neste caso a ação do pecar, do pecado. Repito que restrição é está? A condição de não mais pecar. “Mas”, portanto é uma conjunção que no sentido bíblico significa: sentido de justiça. “mas”, (condição) de não pecar mais.
O arrependimento verdadeiro, como no caso do jovem e da mulher adúltera. Deus é um pai misericordioso, mas também, é justo. Portanto, sejamos obedientes aos ensinamentos de Deus Pai. “Vai, mas, não peques mais”.

“Pai Misericordioso nos conceda a sabedoria e o discernimento para escolhermos os teus ensinamentos e jamais separarmos de vós, pois somente tu és o Senhor da Vida, Amém!”

Diácono Luiz Gonzaga
Arquidiocese de Belém-Pará-Amazônia-Brasil

diaconoluizgonzaga@gmail.com
diaconoluizgonzaga.blogspot.com

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