quinta-feira, 31 de março de 2011

“NÃO QUEREMOS PROTESTANIZAR A IGREJA CATÓLICA”


Nas Normas e Diretrizes do diaconato permanente da Arquidiocese de Belém, assinado por Dom Orani João em 10 de agosto de 2008 quando Arcebispo desta Arquidiocese, no capítulo V, artigo 17, diz o documento:
“Procure o diácono exercer equilibradamente os três serviços ministeriais: o serviço da caridade, o da palavra e o da liturgia. Conforme os carismas pessoais e as exigências pastorais de um momento histórico determinado, ele poderá enfatizar mais um ou outro desses ministérios, ou outros que se façam necessários, sem descurar os demais”.
Queridos irmãos no diaconato permanente, todos aqueles que são ordenados no grau diaconal sabem e tem a plena consciência após o período de estudos e formação que, o diácono é ordenado para o serviço (caridade, liturgia e palavra).
Agora, como bem diz o documento acima citado, em determinados momentos que se façam necessários “ele poderá enfatizar mais um ou outro desses ministérios”.
Porque esta observação? Quem mora aqui na Amazônia em especial na região metropolitana de Belém, sabe do grande número de comunidades existentes nas nossas periferias. Temos paróquias com 10,12, 20 ou mais comunidades.
Um ou dois sacerdotes é insuficiente para atender a essa demanda tão grande de fiéis que estão ávidos pela palavra e pala eucaristia. É humanamente impossível um ou dois sacerdotes atender a tão grande necessidade.
Quero partilhar com vocês meus irmãos diáconos, algo que aconteceu na noite de Natal. Fui convidado por uma comunidade de periferia, com a aprovação de seu pároco para celebrar a palavra naquela noite. Como em tantas outras comunidades espalhadas pela grande Belém, foi impossível a presença do sacerdote nesta noite.
Ao chegar naquela pequena capela, toda muito bem arrumada e preparada para a celebração, o “povo de Deus” já estava reunido, cantando enquanto a equipe de acolhida alegremente recebia os que chegavam à capela.
Ao verem a presença do diácono, parecia que quem estava chegando era o próprio pároco. Isto pela alegria de poderem ter naquela noite a celebração da palavra e a distribuição da santa eucaristia em um dia de solenidade, festa para todos nós cristãos.
O padre vai à comunidade apenas uma vez por mês, então o diácono através do serviço da palavra, procura levar um pouco de conforto espiritual aos irmãos em momentos de festa da igreja como este.
Liturgia da palavra celebrada com todo zelo e respeito por aqueles que lotavam a pequena capela. A alegria estava estampada no rosto de cada um, brilho e lágrimas nos olhos, a emoção tomava conta de todos quando do encerramento da liturgia e o abraço fraterno desejando um ao outro “feliz natal”.
Graças a Deus, a igreja se fez presente através do diácono permanente que pôde pelo menos nesta comunidade levar a palavra e a eucaristia a esses nossos irmãos na noite do nascimento do Senhor Jesus.
Vele ressaltar que, essa alegria também é expressa a cada domingo, quando nas comunidades celebramos juntos à palavra. O Documento de Aparecida no número 253, página 118 diz:
“Com profundo afeto pastoral, queremos dizer às milhares de comunidades com seus milhões de membros que não têm oportunidade de participar da eucaristia dominical, que também elas, podem e devem viver “segundo o domingo”. Podem alimentar seu já admirável espírito missionário participando da “celebração dominical da palavra”, que faz presente o ministério pascal no amor que congrega (cf. 1 Jo. 3,14), na palavra acolhida (cf. Jo. 5,24-25) e na oração comunitária (cf. Mt. 18,20). Sem dúvida os fiéis devem desejar a participação plena na eucaristia dominical, pela qual também os motivamos a orar pelas vocações sacerdotais”.
Como é bom poder participar e alegrar-se com eles no meio da comunidade a festa de celebrarmos o domingo o “dia do senhor” quando da impossibilidade do pároco.
Certa vez ouvi um sacerdote dizer em uma reunião do corpo diaconal: “Os diáconos estão protestanizando a igreja católica”. Ele quis se referir exatamente as celebrações da palavra aos domingos dentro das comunidades celebradas pelos diáconos.
Gostaria de lembrar que, nestas comunidades residem pessoas: enfermas, com deficiência física, desempregados, idosos, crianças, gestantes entre outros que, não tem muitas vezes, condições de se deslocarem até a sua matriz para participar da Santa Missa, até mesmo em certas ocasiões, pela própria distância entre, comunidade e matriz.
Quero ainda lembrar que, se estamos realizando a celebração da palavra nas comunidades de periferia, é com a autorização dos padres que, solicitam aos diáconos o socorro necessário para que, seu rebanho não fique sem a palavra e a eucaristia dominical, seguindo as orientações do Documento de Aparecida como vimos.
Graças a Deus e os nossos bispos alguns leigos tem tido a oportunidade de participarem de cursos para “ministros da palavra”, com a orientação da própria igreja, formados por padres da arquidiocese a fim de poderem na ausência do padre ou do diácono levarem a Palavra de Deus as comunidades nos finais de semana e nem por isso eles estão tornando a igreja católica “protestanizada” muito pelo contrário, são eles verdadeiros arautos do evangelho. Lembremos que, a igreja nasceu da Palavra de Deus, nasceu para fazê-la ouvir nos corações.

A comunidade fica a espera do domingo para juntos na ausência do sacerdote poder viver o momento celebrativo dominical com a presença do diácono e na pequena capela receber a palavra e a eucaristia.
Evidentemente que a palavra não é e nem deve ser a única prioridade do ministério diaconal. Mas ocorre que, quando o diácono vai à comunidade de periferia ele vai também até ao irmão doente, leva a comunhão, visita os irmãos, as famílias, leva conforto, consolo e esperança aqueles que estão angustiados e desesperançados.
Isso é a presença da igreja que vai em direção aos pobres e necessitados. Lá ele fica sabendo de uma família ou pessoa que precisa de algo material ou espiritual ou ainda um alimento e tomando conhecimento junto com a comunidade se movimentam para acalentar um pouco a dor e o sofrimento do irmão ou da família necessitada.
É a comunidade que cuida amorosamente da comunidade conforme 1 Tes.5,13 “Tende para com eles grande estima e amor”.
A presença do diácono, portanto nas comunidades para celebrar a palavra com os irmãos, não tem e nunca terá o propósito de “protestanizar” à igreja de Cristo, a igreja Apostólica Romana. Queremos anunciar a palavra que salva, liberta, cura, tira da escravidão do pecado, que leva a esperança, que proporciona a fé.
É isso que São Paulo nos diz quando em Romanos 10, 17 escreve: “ A fé vem pela pregação e a pregação da Palavra de Deus”.
Queridos, a palavra lava a alma da igreja e a eucaristia nutre, alimenta o espírito do cristão. Sendo assim, como deixar esses irmãos sem a palavra e a eucaristia no domingo ou em dias especiais na ausência do padre se, a igreja tem a nós diáconos permanentes como verdadeiros soldados em frente de batalha?
Paulo a Tito 3,14 diz: “Que os nossos aprendam a exercitar-se nas boas obras para atenderem às necessidades urgentes e, assim, não deixem de produzir frutos”.
O artigo 15 das diretrizes diaconais da arquidiocese de Belém diz: “A missão do diácono, colaborador do arcebispo com o seu presbítero é por sua natureza de grande amplitude e pode estender-se a todos os campos da pastoral”.
Somos e queremos continuar sendo os grandes colaboradores, servidores de nosso arcebispo e nossos párocos no ministério da palavra, da liturgia e da caridade, para assim ajudarmos na edificação do Reino de Deus entre os homens e não fazer da nossa amada Igreja Católica Apostólica Romana local de proselitismo muito menos ofuscar aquilo que temos de mais sagrado, a Santa e abençoada Eucaristia.
Que Santo Efrém e a Virgem de Nazaré, sob a luz do Espírito Santo, guardem nosso clero, nosso arcebispo Dom Alberto Taveira e toda a nossa arquidiocese de Santa Maria de Belém do Grão Pará.
Diácono Luiz Gonzaga
Arquidiocese de Belém – Pará – Amazônia – Brasil.
diaconoluizgonzaga@gmail.com

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