quarta-feira, 17 de março de 2010

" A mentalidade consumista..."


“A MENTALIDADE CONSUMISTA FAZ DE DEUS
UM SERVO DO HOMEM”

Uma das características mais marcantes da sociedade atual é o consumismo, decorrente do capitalismo vigente. Vivemos numa sociedade de alto consumo. Em épocas remotas as sociedades eram, essencialmente, comunidades de subsistência e, posteriormente, caracterizavam-se pela troca de produtos.

Com a chegada da modernidade, com a Revolução Industrial, as relações comerciais mudaram, e a sociedade ficou dominada pelo capital. Atualmente, com o desenvolvimento notável da tecnologia, tem o potencial de criar diversos produtos que, por meio da mídia, entram em nossas casas pedindo para que os consumamos.

A cada dia surgem novos produtos, de diferentes formas, com uma variedade incrível. As pessoas se tornam clientes, com direito de escolha, afinal, na sociedade de consumo sobram opções.

Parece que apesar dos benefícios existentes nessa sociedade consumista, uma grande parte da população brasileira tem sido vítima deste consumismo desenfreado.

Segundo dados do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, três em cada dez brasileiros, a maioria mulheres, compram compulsivamente, sendo, portanto, portadores da “oneomania” (doença caracterizada pelo consumismo compulsivo).

A baixa auto-estima e o sentimento de vazio, característicos dessa nossa era, são responsáveis diretos pelo desenvolvimento dessa doença. Em busca da felicidade e da auto-satisfação as pessoas consomem diversos produtos, não pela necessidade, mas, pelo simples fato do prazer de comprar.

Não há nada de errado em consumir, o problema é o consumismo. São duas coisas diferentes. O consumista consome mais que o necessário para sobreviver e faz da compra um estilo de vida.

É preciso ficar atento, pois, temos nesta cultura consumista um bom número de cristãos católicos. Alguns já possuem suas próprias gravadoras, revistas e uma infinidade de outros produtos.
Sendo assim, a mentalidade consumista tem encontrado lugar entre nós católicos, de sorte que nos tornamos uma massa de consumidores de produtos comercialmente relacionados à nossa fé.

Já existem diversos sites específicos para atender às demandas do público cristão consumidor dos produtos evangélicos, com tiragem de 20.000 exemplares, e até feiras internacionais de artefatos cristãos, como CDs, DVDs, livros, etc...
Esse mercado movimenta, mais ou menos em torno de 3,5 bilhões de reais por ano.

É importante lembrar que, o que nos faz melhores cristãos não é ouvirmos CDs ou assistir DVDs evangélicos, ou colar adesivos relacionados à fé em nossos carros, motos, bicicletas, usarmos camisetas deste ou daquele produto, mas, outras atitudes como o amor a Deus, que se manifesta no amor ao próximo, no cuidado com a natureza, o planeta, no serviço ao irmão.

Não é por meio de “produtos evangélicos” que o evangelho vai impactar a sociedade moderna, mas por meio de vidas firmadas, alicerçadas no amor e serviço ao irmão.
Estamos dispostos a nos “oferecer” para o bem de todos que estão ao nosso redor?

Não sejamos espectadores consumistas enquanto a sociedade desaba ao nosso lado. Mas sirvamos ao próximo, plantando vida num mundo de morte. Esse é o evangelho do Reino de Deus.

Esta claro que a mentalidade consumista traz conseqüências não muito boas para a fé cristã.
O consumismo pode fazer os individuas transferirem o valor de descartável não só às coisas que compram, usam e trocam, mas a pessoas, regras, normas morais, relacionamentos, e princípios.

É preciso não reduzir o Reino de Deus a uma empresa com diversos produtos à nossa disposição.
Há “bens” neste reino que não podemos comprar como a salvação, à graça de Deus, os dons espirituais, a fé.
No reino de Deus não deve haver espaço para a “síndrome de Simão” (Atos 8,9-23). É bom lembrar, também, o que aconteceu àqueles que transformaram o templo de Jerusalém em “supermercado”. Jesus os repreendeu severamente (Mc.11,15-17).
A fé cristã, para não perder sua essência, não pode se render à mentalidade consumista, nem adquirir uma ética de consumo compulsório.
O desejo de consumir compulsoriamente nos distancia da motivação para servir. E para servir foi que Cristo morreu por nós (Efésios 2,10).

A mentalidade consumista faz de Deus um servo, à medida que exigimos que Ele satisfaça nossos desejos. Devemos servir a Deus, não nos servir dele.
Que o Espírito Santo nos dê a sua sabedoria na condução de nossa caminhada cristã. Que o seu discernimento nos faça a ver que é preciso servir e não ser servido.

Diácono Luiz Gonzaga (Arquidiocese de Belém/PA. Amazônia – Brasil.)

diáconoluizgonzaga@gmail.com
diaconoluizgonzaga.blogspot.com

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