quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Davi e sua familia.

INTRODUÇÃO
Apesar de Davi ser um homem segundo o coração de Deus, ele era homem como nós, cheio de qualidades, mas, não perfeito. Veremos que este homem deixou de observar ou vigiar, no tocante a Pessoa de Deus e à sua Palavra, trazendo sobre sua família repentina decepção. Nesta lição veremos as conseqüências do pecado de Davi, não que Deus o estivesse punindo, mas, todo pecado cometido traz suas conseqüências, isso é fato.
A EDUCAÇÃO JUDAICA
Quando o povo judeu saiu do deserto e entrou em Canaã, eles não tinham um sistema educacional organizado. Esse sistema desenvolveu-se à medida que o povo progrediu, sofrendo as influências das práticas das nações circunvizinhas.
No inicio, portanto a educação estava centrada no lar. Era responsabilidade da mãe educar os filhos e filhas até os três anos de idade (provavelmente até o desmamar). A partir dos três anos de idade, os meninos aprendiam a lei com o pai, e os pais ficavam também responsável por ensinar um ofício aos filhos. Um rabino disse certa vez: “ um pai que não ensina ao filho um ofício útil está educando-o para ser ladrão”. Jesus não só era filho de carpinteiro (Mt 13.55), mas também o era (Mc 6.3).
Isso explica porque existiam grupos de trabalhadores em linho e oleiros morando no mesmo lugar (I Cr 4.21-23). As meninas podiam vir a ter uma profissão, trabalhando talvez como parteiras (Ex 1.15-21) e cantoras (Ec 2.8). A educação era basicamente religiosa, capacitando as crianças a compreenderem a natureza de Deus pelo que Ele fizera e o que Ele exigia na lei. Deuteronômio 6 é uma passagem-chave: as palavras do shema (credo): “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás pois o Senhor teu Deus de todo teu coração, e de toda a tua alma, e com toda tua força (vv.4,5), deviam ser ensinadas, discutidas, usadas na adoração para declarar simbolicamente que elas faziam parte da mente e da conduta, e usadas como um lembrete toda vez em que se entrava ou saía de casa (Dt 6.4-9; ver Sl 121.8).
As crianças eram estimuladas a fazer perguntas sobre as festas (Ex 12.26; Dt 6.20-25), mostrando-lhes objetos que desconhecessem (Ex 13.14,15; Js 4.6), assim se tornava natural ensiná-las sobre os atos de Deus. Quando os santuários começaram a fazer parte da vida do povo judeu, é bem possível que as pessoas que trabalhavam neles tivessem começado a prover algum tipo de educação formal. Samuel estava sendo ensinado por Eli, sacerdote de Silo (I Sm 1.24). O próprio Samuel estabeleceu uma escola de profetas em Ramá (I Sm 19.18-21), e algumas escolas teológicas vieram a surgir mais tarde (2 Rs 2.5-7; Is 8.16). Essa a origem da prática de chamar o sacerdote de “pai”, este exercia a função de pai ao ensinar as crianças (2 Rs 2.3,12).
Essa era a maneira dos judeus educarem seus filhos, não conhecemos outra forma de se transmitir o conhecimento e a tradição que não fosse essa mencionada. Um fato complicador, no entanto, era a cultura pagã existente nas nações circunvizinhas, fato que exigia muito cuidado dos pais na criação dos filhos.
Se analisarmos a educação dos hebreus fundamentada na lei de Deus, podemos concluir que uma criança bem ensinada jamais esqueceria as leis de Deus as quais norteariam toda sua vida. Mas, não são esses princípios que vimos na vida dos filhos de Davi.

POSSIBILIDADES DA DESTRUÍÇÃO DA FAMILIA DE DAVI
Agora podemos imaginar duas situações:
1. Davi negligenciou de fato, não ensinado a lei de Deus para os seus filhos como era comum ao povo judeu;
2. Não foi falta de ensinar a lei para os seus filhos; foi o fruto da semente que ele mesmo plantou.

Este é o momento de refletir muito sobre: Como vai o nosso lar, no que se refere a educação dos filhos, bem como suas vidas espirituais.
Mas, quero enfatizar a responsabilidade e influência espiritual dos pais sobre os filhos.

De acordo com o texto (2 Sm 12.1-15) deixa claro que o problema na família de Davi teve seu nascedouro no mundo sobrenatural, ou seja, foi conseqüência do pecado do sacerdote do lar, quando este desprezou o próprio Deus e sua Palavra. ... porquanto me desprezaste; .... Por que, pois, desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o mal diante dos seus olhos? (2 Sm 12.5,9).

O pecado que Davi foi tão grave que era digno de morte. ... e disse a Natan: Vive o Senhor, que digno de morte é o homem que fez isso (2 Sm 12.5).
Davi não morreu fisicamente, mas recebeu uma sentença dolorosa “Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para que te seja por mulher” (2 Sm 12.10). A base espiritual da sua família a partir de então estava ameaçada, talvez alguém pode questionar “mas quem pecou foi Davi, ele tinha que sofrer só, os seus filhos não deveriam sofrer junto com ele”, é um pensamento aceitável a princípio, mas, não podemos esquecer da justiça e soberania de Deus, não devemos analisar os filhos de Davi isoladamente, mas sim num todo - uma família.

Davi destruiu a família de um servo fiel e simples, “E disse Urias a David: A arca, e Israel, e Judá ficam em tendas; e Joab, meu senhor, e os servos do meu senhor, estão acampados no campo; hei-de eu entrar na minha casa, para comer e beber, e para me deitar com minha mulher? Pela tua vida, e pela vida da tua alma, não farei tal coisa ”(2 Sm 11.11). Assim como ele destruiu um lar premeditadamente, recebeu com a mesma moeda, não significa que Deus não havia o perdoado.
Dizem que o pecado pode ser comparado como “um prego que estava em uma tábua; que após ser tirado do seu lugar, o orifício onde estava permanece”.

A TRAJETÓRIA DA DESTRUÍÇÃO NA FAMILIA DE DAVI

Cap 12-15.
Deus envia Natã para revelar seu pecado (1-7);
Morte da criança (18), para lhe mostrar o salário do pecado (Rm 6.23);
Sofreu a vergonha do incesto, dos seus filhos, Tamar e Amnom (13.1-23), para lhe lembrar da podridão moral que ele mesmo semeou (11.4);
Morte de Amnom (13.28-29), para lhe lembrar a morte de Urias (9; 11.15);
Sofreu usurpação do trono pelo seu próprio filho, Absalão (15. 1-18), para lhe lembrar que usurpou o lugar de Urias (11.3);
Sofreu a vergonha e afronta quando Absalão coabitou com as suas concubinas (16. 21-22), para lhe lembrar o que ele fez à mulher de Urias (11.2-4);
Morte traiçoeira de Absalão (18. 12-15), para lhe lembra a traição na morte de Urias (9; 11.14-17);
Surgimento de praga (24.10-17), para lhe lembrar o seu orgulho e torná-lo humilde.

As falhas de Davi refletiram sobre suas mulheres e na educação de seus filhos. Nada fez para corrigir Amnom, que pela lei deveria ser morto (Lv 18.29), o que foi cumprido indiretamente, por Absalão. E quando Absalão mata Amnom, persegue-o por longos meses, estabelecendo uma discriminação entre seus filhos, o que agrava no futuro, tanto na vida política como a doméstica de Davi.

CONCLUSÃO
Vimos que o lar não pode subsistir sem uma boa educação, os filhos não podem viver sem o acompanhamento dos pais. Mas, ficou claro pra nós que a fidelidade do sacerdote do lar e a sabedoria da esposa, são imprescindíveis para se ter um lar bem estruturado e cheio das bênçãos de Deus.

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